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OCEANOS E GELEIRAS

Estudos realizados pela comunidade científica internacional apontam que o aumento da temperatura média global tem influência significativa no nível e na composição dos oceanos. Além do aquecimento das águas, as mudanças no clima têm relação com o aumento no nível dos mares e, também, com a diminuição do pH da água – resultante do contato com o CO2 na atmosfera, ocasionando uma crescente acidificação dos oceanos. A longo prazo, a variação no nível dos oceanos pode representar dificuldades para as populações que habitam cidades costeiras por todo o mundo. A dinâmica das chuvas também é outro fator natural que, atualmente, vem apresentando variações por conta das mudanças climáticas: enquanto os cientistas apontam para um aumento da precipitação nas regiões de maior altitude do hemisfério norte, na América do Sul e no norte da Austrália, pouca precipitação vem sendo registrada na região tropical da África e no sul do continente asiático.

Percentual anual de precipitação nos continentes (2013 a 2016)

Variação dos percentuais de precipitação entre 2013 e 2016. Tradução das legendas (da esquerda para a direita): mais seco registrado (marrom); muito mais seco do que a média (bege); mais seco do que a média (bege claro); próximo da média (branco); mais úmido do que a média (verde claro); muito mais úmido do que a média (azul claro); mais úmido registrado (azul escuro).

Fonte: National Centers for Environmental Information / National Oceanic and Atmospheric Administration / National Climatic Data Center. Disponível em: https://www.ncdc.noaa.gov/temp-and-precip/global-maps/

O professor e pesquisador estadunidense Lonnie G. Thompson, da Escola de Ciências da Terra da Universidade Estadual de Ohio, é especialista nas áreas de paleoclimatologia, geologia polar e glaciologia. Com diversas publicações em revistas científicas internacionais e uma consistente bagagem de pesquisas, Thompson estuda, há quatro décadas, o derretimento de geleiras em áreas polares, tropicais e subtropicais ao redor do mundo. A notabilidade de seu trabalho é evidente no documentário de Davis Guggenheim “Uma Verdade Inconveniente” – An Inconvenient Truth –, de 2006, no qual o protagonista e palestrante Al Gore, ecologista e vice-presidente dos Estados Unidos na gestão de Bill Clinton, cita o pesquisador em meio a seus argumentos científicos que sustentam o conceito de aquecimento global. “Eu conheci Al Gore em 1992, quando fui chamado para testemunhar, ao Senado americano, sobre questões envolvendo a perda de geleiras e a mudança climática”, comenta Thompson sobre o fato de Al Gore tê-lo citado, em "Uma Verdade Inconveniente", como amigo. “Nós mantivemos contato de tempos em tempos desde então. Quando ele era vice-presidente, eu costumava participar de cafés da manhã na Casa Branca quando havia discussões sobre geleiras”, relembra o pesquisador.

 

Thompson afirma que é evidente o aumento das temperaturas no planeta e a retração das geleiras nas regiões mais frias. “À medida que perdemos gelo na superfície terrestre, o nível do mar aumenta e esse aumento ocorre de forma mais acelerada”, explica. “Atualmente, o aumento [do nível dos oceanos] está na faixa de 3,3 milímetros por ano. Isso irá aumentar conforme avançamos”, acrescenta. O pesquisador cita conclusões de alguns dos estudos que realizou in loco, com sua equipe de pesquisa, ao longo dos anos: de seis áreas cobertas por gelo do Kilimanjaro – monte situado no norte da África – utilizadas como amostra no ano 2000, apenas duas não desapareceram desde então. Thompson acredita que a primeira geleira tropical a desaparecer nos próximos anos será, provavelmente, a Northwall Firn, na Indonésia: a equipe de pesquisa prevê que o gelo da área desapareça em menos de cinco anos. Thompson cita, ainda, a importância socioeconômica de algumas geleiras do planeta – como as da América do Sul: “Mais de 70% das geleiras tropicais do mundo estão localizadas nos Andes do Peru, onde a população depende da água dessas geleiras para a irrigação, o suprimento municipal de água e a produção hidroelétrica”, comenta o pesquisador. “Todas essas geleiras estão diminuindo, colocando, então, a população e a indústria em risco. Essas mesmas geleiras formam as nascentes do Rio Amazonas”, completa.

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Imagens mostram o derretimento da geleira Qori Kalis, na calota de gelo de Quelccaya, no Peru. A primeira foto foi tirada em 1978; a segunda, em 2011

Fonte: Dr. Lonnie G. Thompson, Byrd Polar and Climate Research Center, The Ohio State University / Reprodução: NASA. Disponível em https://climate.nasa.gov/images-of-change?id=543#543-melting-qori-kalis-glacier-peru

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