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GUERRA QUENTE

O combate Homem versus Planeta, sem armamentos, decreta o destino da humanidade diante do aquecimento global

por Ana Clara Faria

Imagem capturada por satélite no Dia da Terra, em 22 de abril de 2014. Crédito: NASA/NOAA/GOES Project

"O conceito de aquecimento global foi criado pelos e para os chineses para tornar a produção dos Estados Unidos não competitiva."

("The concept of global warming was created by and for the Chinese in order to make U.S. manufacturing non-competitive.")

Declaração publicada na página de Trump no Twitter, em novembro de 2012.

DONALD TRUMP, 
Presidente dos Estados Unidos

Crédito foto: Gage Skidmore / Wikimedia Commons

DONALD TRUMP, 
Presidente dos Estados Unidos

Mudanças no clima da Casa Branca. Durante os primeiros meses de gestão do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, embates significativos entre o governo e a sociedade aconteceram em resposta a algumas das medidas polêmicas da nova administração. No mês de abril de 2017, mais de 150 mil civis caminharam pelas ruas de Washington, capital do país, na Marcha Climática do Povo – na qual defenderam a adoção de medidas, por parte de líderes mundiais, contra as mudanças climáticas. Um ato de resistência em meio ao ceticismo de Trump quanto aos efeitos do aquecimento global no planeta. Além de ter anunciado, em junho do ano passado, a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris – pacto firmado por mais de 195 países para o controle das mudanças climáticas –, Trump iniciou sua gestão adotando medidas de incentivo à indústria do carvão e cercando-se de uma equipe conservadora para cuidar das questões ambientais. O atual chefe da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, Scott Pruitt, já afirmou em uma entrevista ao canal americano CNBC que discorda do consenso científico de que a emissão de dióxido de carbono seja a principal contribuição humana para o aquecimento global. A nomeação de Pruitt não surpreende se conhecemos o perfil de Trump no jogo climático: o próprio presidente chegou a uma vez afirmar, em sua conta no Twitter, que “o conceito de aquecimento global foi criado pelos e para os chineses para tornar a produção dos Estados Unidos não competitiva”.

A crença de Trump e os estudos científicos, no entanto, seguem lado a lado em linha infinitamente paralela, sem a possibilidade de se cruzarem: o aquecimento global é, praticamente, um consenso na comunidade científica.

ANTÓNIO GUTERRES,
Secretário-Geral da ONU

"Nós estamos lidando com fatos científicos, não políticos. E os fatos são claros. A mudança climática é, por si só, uma ameaça direta, e um multiplicador de muitas outras ameaças"

("We are dealing with scientific facts, not politics. And the facts are clear. Climate change is a direct threat in itself, and a multiplier of many other threats")

Declaração feita durante evento da ONU para a discussão das mudanças climáticas, em março de 2017.

Crédito foto: UN International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia / Wikimedia Commons

ANTÓNIO GUTERRES,
Secretário-Geral da ONU
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Imagens da NASA de 1984 e 2012 mostram diminuição considerável da camada de gelo no oceano Ártico, no hemisfério norte do planeta.

Fonte: NASA. Disponível em: https://climate.nasa.gov/images-of-change?id=623#623-arctic-sea-ice-coverage-hits-record-low 

Segundo o último relatório anual elaborado pelo National Centers for Environmental Information (NCEI) – um dos principais órgãos de pesquisa ambiental do mundo – e publicado em um boletim da "American Meteorological Society", 2016 foi o ano mais quente já registrado, precedido no ranking pelos anos de 2015, 2014 e 2010. O estudo considera o período de análise que varia de 1880, a chamada fase “pré-industrial”, até o ano de 2016. O aumento na temperatura média do planeta – calculada com base na temperatura oceânica e da superfície terrestre – atingiu, no ano passado, a marca de 0,94 ºC acima da temperatura média do século XX. Dos dezesseis anos mais quentes registrados, quinze são 

referentes às duas últimas décadas – 2000 e 2010.

Se considerarmos apenas a temperatura continental, a variação atinge, no ano de 2016, cerca de 1,4 ºC acima da média de temperatura registrada entre os anos de 1910 a 2000. Novamente um recorde – a temperatura continental mais alta da série histórica. Para a temperatura oceânica, a tendência se repete: o pico registrado é 0,76 ºC acima da média, em 2016.

Além das alterações na temperatura, as mudanças climáticas estão relacionadas com um aumento na frequência e na intensidade de eventos extremos como furacões, inundações, ondas de calor, tempestades de inverno, chuvas irregulares e secas. 

Percentual anual da temperatura global (2013 a 2016)

Variação dos percentuais de temperatura no planeta entre 2013 e 2016. Tradução das legendas (da esquerda para a direita): mais frio registrado; muito mais frio do que a média; mais frio do que a média; próximo da média; mais quente do que a média; muito mais quente do que a média; mais quente registrado.

Fonte: National Centers for Environmental Information / National Oceanic and Atmospheric Administration / National Climatic Data Center. Disponível em: https://www.ncdc.noaa.gov/temp-and-precip/global-maps/

Em março de 2017, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em um evento da organização que “a mudança climática é, por si só, uma ameaça direta, e um multiplicador de muitas outras ameaças”, ressaltando a necessidade e urgência de intervenções que possam minimizar os efeitos das variações climáticas. De fato, a humanidade é responsável por uma grande parcela de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera – dentre os quais predomina o gás carbônico (CO2) –, resultante, principalmente, do desmatamento de florestas e de atividades que envolvem a queima de combustíveis fósseis (como petróleo, carvão e gás natural).

Os principais gases de efeito estufa: percentual de emissões no mundo (2010)
Passe o mouse sobre a imagem abaixo

20%

dióxido de carbono

queima de combustíveis fósseis e processos industriais

62%

metano

óxido nitroso

5%

10%

dióxido de carbono

uso da terra e da floresta

2,2%

outros gases

como HFCs (hidrofluorocarbonetos) e SF6 (hexafluoreto de enxofre)

Fonte: Climate Change 2014: Synthesis Report. Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Disponível em: http://www.ipcc.ch/report/ar5/syr/

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